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domingo, 27 de novembro de 2011

Ser

Acredito que nascemos predestinados a ser, ser qualquer coisa que seja.
E não somos
Não somos nada.

Olhe ai com está essa vida.
É fome
É bomba pra todo lado.
É choro.
É sangue.
É greve.
É guerra.
É insatisfação.
Pelo roubo do ladrão, que é rico e tira daquele que necessita
De pouca coisa
Que é muita coisa.

É futrica,
É mídia,
É a mídia mais fodida.
Que vicia,
Que adoece,
Que empobrece,
E mata
Muito mais que o fumo
Do pobre e inocente cigarro
Que é inocente perto de qualquer ser
Fantasticamente fantástico.

Que é o que erra,
Que mente,
Engana,
E se engana,
Sendo aquilo que parece
Tão natural e tênue;
Com sua fragilidade sutil
E fútil
De querer ser
Muito mais.

E esperar e lutar para ser
Superior.

E pisar no até então inferior
E menosprezá-lo
Por este não ter
A sua superioridade.

E matá-lo
Sem dó nem piedade.

E sorrir
Deitado no seu sofá de couro
Tomando o seu vinho português
Escutando sua música clássica. ´

Ó ser inteligente.
Estupidamente inteligente.
Malvadamente inteligente.
Paft.
Foi tarde.

Dance no quinto dos infernos.

Isso que se chama de mundo.
Estamos ardendo no fogo que criamos
Sendo tão medíocres e imbecis
Superiores que somos.
Inferiores podres que somos.
Não mais somos. 

2 comentários:

Luis Eustáquio Soares disse...

é, filha, bem-vinda ao mundo pa-lavras poéticas, com sua tempestades e calmarias de intensidades.
vc escreve com potência. pensa poeticamente, como aluvião, de tal sorte que é crítica, que é grito, que é denúncia em relação à geleia geral de hipocrisias e conveniências cínicas e indiferentes que orientam as vidas bestas que levam esse fabuloso mundo - sua poesia é prova disso - no inferno pra 99 por centos dos vivos.

fico feliz de te ler. vá em frente.
beijos
teamo
delamancha

Coral disse...

E assim continua: o superior se inferiorizando na sua superioridade, e o inferior se maximizando na sua "inferioridade", na sua ferina infernal aparente submissão que esconde a potência do ato revolucionário.

Vamos manchar o que está pra lá de maculado, pois manchar o que já está manchado é limpar, não a limpeza neurótica das higienes neonazistas, mas a limpeza do que é isento de poder podre, que com certeza é muito mais podre que qualquer inocente bafo de cigarro exalado por pulmões podres de tanta nicotina. Não me importo do meu pulmão ser preto, pois não sou racista.

Continue escrevendo pra limpar o mundo dessa mácula mascarada, que não é a mácula preta dos pulmões nicotizados, mas a mácula da tragédia disfarçada de causa sã.

Força sempre!

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